sábado, 4 de abril de 2015

Paixão de Cristo: O Espetáculo que surpreende e encanta quem o assiste

  Quando o carnaval passa, cresce a expectativa e a emoção toma conta de quem vai até Nova Jerusalém, em Pernambuco, assistir a encenação da Paixão de Cristo, o maior espetáculo bíblico teatral ao ar livre do Brasil, que, este ano, chegou à sua 48º edição e contou com a atuação de atores locais e nacionais, além de figurantes.
  O espetáculo, já assistido por mais de três milhões e meio de pessoas, acontece no período da Semana Santa, remetendo à trajetória da vida de Cristo até sua ressurreição e conta com cenas desde o Sermão, no qual os profetas Moisés e Elias anunciam a vinda do filho de Deus, passando pelo cenário do Templo de Jerusalém; Cenáculo, onde acontece a última ceia; o Horto, Palácio de Herodes; Fórum Romano, A Via Sacra; O Calvário; finalizando no Sepulcro.
  A encenação acontece no Agreste pernambucano, mais especificamente em Fazenda Nova, localizada no distrito Brejo da Madre de Deus, ao ar livre. Os espectadores acompanham os cenários que são espalhados, mas devidamente sinalizados para que ninguém perca nenhum detalhe das encenações.

O público se emociona a cada cena, principalmente pela veracidade com que os atores representam seus papéis. Porém a apoteose do espetáculo e que causa arrepios é quando Jesus finalmente vai para o céu. A tecnologia envolvida faz com que o momento se torne real aos olhos dos espectadores que, emocionados, vibram e aplaudem.



Imagem - Divulgação


Para o ator e diretor artístico do espetáculo, Carlos Reis, as cenas iniciais causam maior impacto emocional no público. "Há inúmeros momentos de grande impacto emocional, como a abertura do espetáculo, o Sermão da Montanha e a condenação de Jesus pelo Sinédrio. Mas mexem muito as palavras de Maria com o filho morto em seu regaço. É quase impossível conter as lágrimas", comenta.
  A edição deste ano contou com novo elenco, novos figurinos, efeitos de iluminação, novos equipamentos sonoros, todos de última geração e importados da Europa. Efeitos especiais também fizeram parte das apresentações que levaram o  público presente ao delírio.

Igor Rickli em cena de Sermão - Imagem - Divulgação


"Em cada nova versão, tratamos de introduzir melhoramentos tanto na parte artística como nos aparatos técnicos e tecnológicos que envolvem as temporadas da Paixão", explica Carlos Reis.
  O espetáculo da Paixão de Cristo da Nova Jerusalém em sua temporada conta com 56 atores/atrizes profissionais vindos de diversos locais do Estado, mas principalmente do Recife e de Caruaru, cerca de 450 figurantes recrutados na própria região no entorno de Fazenda Nova.


"Não nos esqueçamos de citar centenas de outros trabalhadores que integram as mais diversas equipes de administração, coordenação, vigilância, segurança, iluminação cênica, eletricidade, operação de áudio e todos os que compõem o aparato funcional que cerca um grande espetáculo como o da Paixão", destaca Reis.

Em 2015, o espetáculo contou com a participação de Igor Rickli interpretando Jesus, Humberto Martins como Pilatos, Paloma Bernardi no papel de Maria, José Barbosa interpretando Judas e Thaiz Schmitt como Herodíades, além de vários outros atores de renome nacional.
As temporadas anuais da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém geram cerca de 1.500 empregos temporários.

Cidade - Teatro

Conhecida mundialmente como o maior atrativo de Fazenda Nova, principalmente na época das encenações, a cidade-teatro de Nova Jerusalém, localizada à 202 km do Recife, presenteia os visitantes com uma arquitetura de encher os olhos. A construção é uma réplica da Judeia Sagrada e conta com lagos artificiais, nove palcos, uma muralha de 3.500 m e 70 torres. O sentimento religioso se estende às Igrejas, Capela, Catedrais e festas como a de São José, padroeiro da cidade e os festejos de Sant'Ana. Com formação rochosa e chão árido, o município de Brejo de Madre de Deus já serviu de cenário para filmes como "A Vingança dos 12", "Terra Sem Deus", e a primeira versão de "A Compadecida".

Nos arredores da cidade-teatro está localizada a "Suíça do Agreste", como é conhecida a cidade de Gravatá, devido ao clima ameno, à altitude e aos fondues que são apreciados por quem está curtindo o friozinho na região.
  Além dos polos comerciais de Caruaru, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe é interessante complementar o passeio com a visitação ao Mercado Público, para saborear os quitutes regionais, e também ao Polo Moveleiro para apreciar os artesanais móveis em madeira.
  Mas quem chega para se hospedar e prefere ficar em Nova Jerusalém, para entrar no clima completamente, tem a opção da Pousada da Paixão. Temática, a pousada oferece espaços de lazer como a Arena dos Gladiadores, Arena dos Centuriões e Termas de Herodes, sem deixar faltar o Restaurante Santa Ceia.

Imagem - Internet



ECONOMIA

O Turismo em Pernambuco é um setor forte e cresce quando a Semana Santa está próxima, devido às encenações da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Nesse período, a rede hoteleira de todo o Estado e, principalmente, dos municípios do Agreste, como Caruaru, Gravatá, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama fica lotada com turistas que chegam para assistir ao espetáculo.

As estimativas são de que, ao todo, cerca de R$ 200 milhões em negócios sejam gerados em função da realização do espetáculo, incluindo investimentos em mídia, produção, movimento no comércio formal, feiras de artesanato, hotéis, pousadas e transportes turísticos no Estado de Pernambuco. "A Paixão de Cristo de Nova Jerusalém consegue movimentar, com grande intensidade, a vida econômica da vila de Fazenda Nova e dos seus arredores", afirma o diretor artístico do espetáculo.

Os organizadores de excursões para o espetáculo Paixão de Cristo incluem no roteiro uma parada especial e quase obrigatória nos grandes polos de Caruaru e Toritama para que os visitantes possam se divertir e fazer compras.

No Brejo da Madre de Deus circulam cerca de 250 mil pessoas. Cerca de 80 mil assistem ao espetáculo e a outra parte é atraída pelos shows realizados no entorno da cidade-teatro, pela feira de artesanato e pelo pavilhão de alimentação que funciona próximo ao evento. A animação é garantida!


TRADIÇÃO

A paixão de Cristo de Nova Jerusalém teve sua célula mater nas ruas da pequena vila de Fazenda Nova, nos anos 1950. Precisamente em 1951, por iniciativa da família Mendonça (Epaminondas Mendonça, sua mulher Sebastiana e seus filhos), proprietária de um pequeno hotel na vila. Eles foram motivados por uma notícia sobre um movimento similar em uma pequena cidade alemã, desde a Idade Média. "Esses espetáculos, digamos "familiares", foram crescendo ano após ano, com a intervenção de atores e técnicos de teatro do Recife. Duraram 12 anos", conta do diretor Carlos Reis.

Em 1962, o gaúcho Plínio Pacheco, jornalista de profissão, casado com Diva, a filha mais nova dos Mendonça e que, então, já era o coordenador-geral dos espetáculos, resolveu interromper a sequência dessas encenações para dar início ao sonho de construir uma cidade-teatro, espécie de réplica da Jerusalém dos tempos de Jesus, à qual ele mesmo deu o nome de Nova Jerusalém.

Em 1968, aconteceu a primeira encenação do espetáculo da Paixão de Cristo dentro das muralhas da cidade-teatro que cresceu até se tornar patrimônio cultural do povo pernambucano. "Para todos nós que fazemos a Nova Jerusalém é um orgulho saber que as autoridades do Governo de Pernambuco atribuíram à Nova Jerusalém e ao espetáculo da Paixão o título de "Patrimônio Cultural do Povo Pernambucano", afirma  Carlos Reis.

Foi atendendo a uma crescente demanda de espectadores estrangeiros que a Nova Jerusalém desenvolveu um projeto de internacionalização da Paixão. Hoje, estão disponíveis ao público estrangeiro versões do espetáculo em inglês, em francês e em espanhol, a fim de que todos possam acompanhar, com o melhor entendimento possível, todas as cenas.

Presente nos espetáculos das ruas de Fazenda Nova, como ator, em 1960, Antônio Carlos de Souza Reis também participou do primeiro espetáculo da Paixão na Nova Jerusalém, em 1968. Durante nove anos interpretou o papel de Jesus. Exerceu a direção de alguns espetáculos no Recife antes de ser convidado por Plínio Pacheco, em 1996, para assumir a direção da Paixão de Cristo.
Além de ser ator e diretor, Carlos é sócio-fundador da Sociedade Teatral de Fazenda  Nova, entidade sem fins lucrativos, mantenedora da Nova Jerusalém e produtora dos espetáculos da Paixão.




Por Anne Coifman

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