sábado, 7 de janeiro de 2017

Ética Jornalística: Imparcialidade x Imprensa Marrom

Ética no exercício do Jornalismo - Foto: Internet

Na era da atual evolução tecnológica, a informação passa a ser mais consumida ainda, por diversas faixas etárias. Seja informação sobre entretenimento, notícia, crônica, editorial, coluna, reportagem ou apenas uma matéria sobre determinado acontecimento que tenha sido notório. É função do profissional de comunicação tratar da apuração dos fatos, filtrar e trazer a verdade de forma imparcial para o público leitor, telespectador, ouvinte e consumidor de informação.

O tema que ocupa grande parte dos jornais, é sem dúvida, a política. Assunto que as pessoas sentem necessidade de aprender para ter sua opinião formada, saber discutir, e claro, saber o que acontecerá com sua Nação. Mas será que os veículos de comunicação, permitem esse aprendizado? Ou apenas induzem os pontos de vista dos seus editores, para que o leitor consuma e seja influenciado pela opinião alheia?

O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu o direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação. Ainda de acordo com o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental e os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que:

I- A divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica - se pública, estatal ou privada - e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.

Não poucos, os veículos de comunicação pecam na hora de apurar e redigir. O profissional pode deixar escapar a sua visão pessoal ou editorial na tentativa de fazer com que o consumidor da informação, mude a sua opinião ou tenha a opinião formada de acordo com o que está sendo dito, não tendo a oportunidade de haver uma lógica pessoal por trás da opinião formada. Até que ponto a ética profissional é executada?

Ainda de acordo com o capítulo I, parágrafo 1º, Inciso V, do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros,  a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.

Para haver uma opinião consciente, bem fundamentada, é preciso que o leitor, espectador, ouvinte, internauta, tenha acesso à informações bem apuradas, objetivas e imparciais como o jornalista e/ou profissional de comunicação deve ser.

A opinião do veículo de comunicação, tem seu espaço reservado (Editorial), onde o leitor pode conhecê-la e interagir através da Carta ao Leitor. A ética jornalística deve ser respeitada sempre trazendo ao público informações verídicas e imparciais. 

HISTÓRIA

Durante o Golpe Militar sofrido pelo Brasil, em março de 1964, a imprensa teve papel fundamental com a divulgação dos fatos que estavam acontecendo e sobre o Governo. Porém, não havia a ideia de imparcialidade efetivamente. O que aconteceu foi um mascaramento sobre a imparcialidade do jornal e a voz da opinião pública, através da reafirmação do jornal a todo o momento sobre sua imparcialidade e o fato de ser o porta-voz dos interesses do povo. Essa reafirmação, lhe conferia legitimidade e ninguém poderia desconfiar da parcialidade. Por trás de todo o discurso midiático de representar o público com seus interesses sociais, através de uma imprensa verdadeira e limpa, imparcial, estava o mecanismo para mascarar os interesses privados, fazendo-os parecer universais. A partir daí, surge o conceito de imparcialidade no Jornalismo.

IMPRENSA MARROM

Post - The New York Journal - Quadrinhos
The Yellow Kid
Imagem:Xroads.virginia.edu 
É comum ouvirmos em algum momento a expressão "Imprensa Marrom". Muitas pessoas confundem a imprensa marrom, com o fato da imparcialidade. O surgimento do termo, aconteceu no final do século  XIX, inspirada na expressão americana Yellow Press (Jornalismo Amarelo), a partir da concorrência entre os jornais New York e The New York Journal, para terem em suas páginas as aventuras de "Yellow Kid", a primeira tira em quadrinhos da história.

O nome Imprensa "Marrom" e não mais "Amarela", se deu no Brasil, em 1959, quando o jornal carioca Diário da Noite recebeu a informação de que uma revista chamada "Escândalo" extorquia dinheiro de pessoas fotografadas em situações comprometedoras. Foi o jornalista Alberto Dines, hoje editor do programa de TV Observatório da Imprensa, que preparava uma manchete para o dia seguinte, dizendo algo como "Imprensa amarela leva cineasta ao suicídio", mas o chefe de reportagem do Diário, achou amarelo uma cor neutra para o tipo de notícia trágica que seria veiculado e trocou para marrom, surgindo assim: "Imprensa Marrom".

O termo "Imprensa Marrom" é utilizado de forma pejorativa, indicando que um veículo de comunicação seja ele televisão, rádio, revista, internet, etc, espetaculariza os fatos para obter vantagens com audiência elevada, sem se preocupar com a autenticidade das informações publicadas, registrando transgressão à ética jornalística.






Anne Coifman.


2 comentários:

  1. Infelizmente, quem está por trás dos grandes jornais e revistas finge que é imparcial e precisamos recorrer a outros jornalistas independentes, bem como à muita literatura pra formar uma opinião consistente sobre o mundo.

    Parabéns por abordar esse assunto tão importante e trazer informações históricas que eu desconhecia.

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  2. Muito obrigada pelo comentário! Nos acompanhe sempre, que teremos novidades!

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